Debate sobre a questão palestina mobiliza comunidade universitária da Udesc

Uma noite para fortalecer o compromisso com a luta internacionalista e por justiça. A mesa “Solidariedade ao povo palestino: contra o colonialismo, o racismo e o genocídio” reuniu a comunidade universitária, organizações e pessoas comprometidas com a causa  no dia 25 de novembro. Com apoio do DCE e do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino Khader Othman, a Aprudesc e o Ceart levaram três expoentes do assunto ao auditório Tito Sena, na FAED-Campus Itacorubi: a socióloga Berenice Bento, o jornalista Breno Altman e o ativista palestino Abdel Rahman Abu Hwas. Os convidados denunciaram a instrumentalização do holocausto pelos sionistas e apontaram a manipulação midiática que favorece a política colonial capitaneada por Benjamin Netanyahu e invizibiliza o massacre da população palestina.

A iniciativa de levar o debate para a universidade procura estimular o espírito internacionalista e solidário, afirmou a vice-presidente da Aprudesc, Marileia da Silva. “Esta é uma luta que ultrapassa as fronteiras corporativas do nosso sindicato. É necessário que façamos a defesa dos interesses da categoria docente, mas também os interesses da humanidade. É uma luta justa e importante”, afirmou a professora. 

Berenice Bento é uma das principais vozes brasileiras a denunciar o genocídio do povo palestino impetrado por Israel. Professora do Departamento de Sociologia da UnB, ela participa do Grupos de Trabalho Palestina e América Latina (CLACSO). A pesquisadora fez uma retrospectiva da disputa territorial impetrada pelo governo sionista e que já teria dizimado mais de 700 mil palestinos desde a criação do Estado de Israel, em 1948, segundo a Organização das Nações Unidas. Apenas no último ano, 42 mil palestinos perderam a vida na Faixa de Gaza em ofensivas capitaneadas pelo governo Benjamin Netanyahu, enquanto outros 2 milhões vivem como refugiados no seu próprio país. Segundo a professora, as iniciativas da ONU para pôr fim ao massacre têm sido insuficientes para conter os objetivos de colonização israelense. Como exemplo, citou a Resolução 194, adotada em 1948 para assegurar o direito dos refugiados a retornarem a seus lares, mas que vem sendo ignorada, apesar de renovada a cada ano pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Berenice trouxe ainda relatos do front, em Gaza, onde a desumanização recai inclusive sobre crianças que enfrentam julgamentos sumários como se fossem adultos, além de conviverem cotidianamente com a morte e a falta de direitos básicos.

O jornalista Breno Altman dedica-se a desvendar e reconstituir histórias sobre como a doutrina sionista se apodera da narrativa do povo judeu e influencia a política internacional. Descendente de judeus, ele é autor do livro “Contra o Sionismo – Retrato de uma doutrina colonial e racista”. A publicação traz um compilado de reflexões feitas no programa 20 Minutos pelo canal de notícias internacionais Opera Mundi. Seus posicionamentos contra a ocupação territorial de Israel na Palestina vem provocando reações sionistas, como um processo judicial pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). Para Altman, o sionismo é uma corrente ideológica judaica racista e colonial comparável ao fascismo, ao apartheid e ao próprio nazismo. Segundo ele, esta doutrina se apropria do discurso de amor, libertação e autodeterminação do povo judeu, incluindo o uso político do holocausto, para impor uma etnocracia supremacista. “Ser contra o sionismo não é ser contra os judeus assim como ser contra o nazismo não é ser contra os alemães”, afirmou.

Abdel Rahman Abu Hwas representa a comunidade de cerca de 5,7 milhões de palestinos em diáspora, obrigados a recomeçar a vida distante da sua terra. Ele é membro do Conselho Nacional da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e lidera a União Palestina da América Latina  (UPAL). Em sua intervenção, denunciou a distorção deliberada de informações a respeito da ocupação israelense em Gaza com o objetivo de manipular a opinião pública em favor da perspectiva sionista. Abdel Rahman apresentou ao público uma seleção de vídeos contendo manifestações de personalidades públicas, incluindo judias, denunciando a política sionista. “É preciso desmantelar o sionismo. Para isso, não é necessário desmontar o Estado”, disse.

A mesa foi mediada pela professora Valeria Bittar. Representando o Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino, Shahla Othman agradeceu a participação do público. “Não estamos apenas assistindo a um sofrimento distante. Estamos nos conectando a uma causa que clama por justiça e precisa cada um de nós para que um futuro de paz seja possível”, afirmou.

O público assistiu a uma manifestação em vídeo do ativista Khader Othman. Expoente da luta e fundador do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino, Othman morreu em 2023, vítima de um câncer.

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