Desde janeiro de 2016, cada professor poderia ter comprado até dois carros populares se não amargasse perdas inflacionárias. A conclusão é de um estudo técnico contratado pela APRUDESC e realizado pelo economista Maurício Mullinari.
A análise considerou a evolução do VRV e a variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) desde o início de 2016. Os dados dão a dimensão do impacto das perdas salariais no poder de compra dos professores e professoras.
Para manter o valor real de jan/2021 (R$ 361,28), o VRV de fevereiro de 2024 deveria ser de R$ 551,44. No cenário em que a resolução do CONSUNI tivesse sido respeitada, o valor atualizado deveria ser de R$ 555,62.
Em fevereiro de 2024, a Assessoria de Comunicação da UDESC publicou nota apresentando a narrativa de que o mandato do Reitor Dilmar Baretta teria promovido um ganho real para a remuneração dos servidores. A notícia refere-se ao reajuste do VRV promovido pela Lei Complementar 784/ 2021, que passou a valer em janeiro de 2022, e ao PLC, ainda em tramitação na ALESC, que prevê um novo reajuste para 2024, no percentual de 15,17%. Caso seja aprovado nesses termos, o PLC elevará o VRV para R$ 495,14.
Embora a reitoria esteja tecnicamente correta ao afirmar que, caso aprovado o Projeto na ALESC, os reajustes acumulados (37,05%) resultariam em VRV real superior ao de abril de 2020, essa é uma análise enviesada, pois desconsidera as perdas prévias a esse período. Mesmo caso o VRV seja reajustado para R$ 495,14, a reitoria ainda não terá recuperado as perdas reais acumuladas.
O salário médio bruto de um professor universitário da UDESC foi de R$ 18.653,02 (R$ 13.011 líquidos) em janeiro de 2024, enquanto o de professor colaborador ficou em R$ 6.749,21 (R$ 5.853 líquidos).
Se fosse reajustado para valores reais de jan/2016, o salário bruto seria 28,3% maior, com média de R$ 23.925,49 (cerca de R$ 16,6 mil líquidos) para professores universitários e de R$ 8.656,94 (cerca de R$ 7,4 mil líquidos) para colaboradores. No entanto, esse reajuste evitaria apenas perdas futuras, não compensando os valores que deixaram de ser pagos aos servidores ao longo de toda a última década.